Após o resultado polêmico de um jogo entre Grêmio e Portuguesa no último sábado, onde entre outras ocorrências controversas um atleta da Lusa chegou a cometer a insanidade de agredir um brigadiano (o que em outros tempos renderia no mínimo algumas escoriações e uma prisão por desacato), o jornalista e piloto amador Flávio Gomes cometeu um grave erro ao fazer postagens ofensivas no Twitter, não só aos torcedores do Grêmio mas também aos gaúchos de um modo geral.
Aquelas velhas piadinhas atribuindo de forma generalista aos gaúchos um suposto homossexualismo, por mais que não sejam assim classificadas de acordo com os padrões "politicamente-corretos", são da mesma gravidade que ofensas baseadas na cor da pele ou origem em qualquer outra região do país. Houvesse feito comentários desabonadores sobre negros ou nordestinos, já estaria algemado no porão de alguma delegacia, sob a acusação por injúria qualificada. E antes que algum hipócrita venha me acusar de racismo ou xenofobia, é necessário expor a farsa da "democracia racial" brasileira.
Que o futebol é uma obsessão no Brasil, já não é mais novidade, bem como a existência de rivalidades clubísticas e brincadeiras de gosto duvidoso entre torcedores, mas alguns acabam extrapolando limites salutares e partindo para a violência, não raro resultando em mortes. A um sujeito que se diz "profissional de imprensa", caberia ter consciência sobre as eventuais conseqüências de declarações feitas num ambiente aberto, aceitar eventuais críticas e ter a humildade de reconhecer que não é o dono da razão.
A demissão do jornalista por parte do canal de TV por assinatura ESPN foi uma reação sensata, e bastante proporcional à repercussão do caso. Mesmo fazendo uso de uma conta particular no Twitter, é difícil não associar a conduta de um funcionário à imagem da corporação que o emprega, sobretudo quando é feito uso de um meio de divulgação com o alcance da Internet. Num país inebriado por uma ideologia nefasta que tenta a todo custo dissociar as liberdades e as conseqüentes responsabilidades, não é de se estranhar que haja quem mostre um desconhecimento acerca dos limites entre a liberdade de expressão, o direito de crítica e a ofensa gratuita.
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